5G e Internet das Coisas são destaques do painel de redes e novas tecnologias

A motivação e os aspectos técnicos da implantação do 5G, assim como suas aplicações em Internet das Coisas, foram os destaques da palestra sobre redes e novas tecnologias na manhã do último dia do Fórum RNP 2015.

O professor do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), Luciano Leonel Mendes, lembrou que “o 3G nasceu para trazer a internet para a tecnologia móvel, para possibilitar o acesso a conteúdos multimídia. O 4G surgiu para potencializar tudo isso, já que o usuário virou autor de conteúdo em tempo real”.

“Estamos colocando tudo na nuvem e queremos resposta dos nossos dispositivos, como se os dados estivessem armazenados localmente. A latência do 5G será o ponto chave. Temos que trazer isso para a casa de 1 milissegundo”, defendeu Mendes, justificando que o tempo de resposta do acesso aos dados impacta, sobretudo, as aplicações de realidade aumentada.

 “A implantação das redes 5G acontecerão por conta do aumento de dispositivos, que vão guiar a implantação da tecnologia. E novos modelos de negócio serão necessários para suportar o investimento na rede de acesso. A perspectiva para 2020 é de 25% de conexões 4G. Depois, surgirá uma nova curva para o 5G, que vai requerer um grande investimento das operadoras. Novos modelos de negócios serão necessários, já que elas estão perdendo recursos no tráfego de voz”, declarou o gerente de Tecnologias de Redes Móveis do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), João Bazzo.

Além do aumento do número de dispositivos de conexão à internet, o 5G também será empregado para a expansão da Internet das Coisas (cuja sigla no inglês é IoT). O professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Paulo Cardieri, conceituou IoT como “algo mais abrangente que a colocação de sensores nos dispositivos, já que envolve a conexão deles e a possibilidade de ação autônoma”.

“Há vários cenários para a aplicação de IoT, sobretudo na indústria e no cotidiano, para a interação do ser humano com o ambiente. Na indústria, o usuário é aquela pessoa especializada, de TI, que vai operar sistema no ambiente de Internet das Coisas. Os requisitos são muito mais estritos. No domínio cotidiano, o usuário não tem conhecimento técnico. Isso leva a diferentes caminhos para a padronização desses sistemas”, destacou.

“A internet de hoje talvez não seja suficiente para satisfazer os requisitos de IoT na indústria, para controlar processos que exijam acompanhamento em tempo real”, disse Cardieri. O que pode ser resolvido com o 5G, de acordo com Luciano Mendes. “A tecnologia pode levar cobertura a áreas rurais. Ter um sistema 5G que seja viável economicamente, mesmo que o retorno financeiro seja baixo, pode levar IoT para áreas com baixa densidade populacional”, alegou.