Defesa destaca importância da tecnologia para soberania nacional

Projetos do Exército Brasileiro e da indústria de defesa foram debatidos na nova trilha do Fórum RNP 2015 dedicada ao tema, que apresentou as principais reivindicações do setor para aliar o uso da tecnologia aos objetivos da soberania nacional. O vice-chefe de Tecnologia da Informação e Comunicações do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército Brasileiro, general Antonio dos Santos Guerra Neto, declarou que a organização militar busca, acima de tudo, que a tecnologia seja desenvolvida por iniciativa brasileira. “Deve-se buscar o estado da arte, mas com planejamento para a base industrial brasileira. Um roadmap tecnológico que permita se chegar a uma solução ótima, de mercado, mas que seja iniciada pelo Brasil”, enfatizou.

O general destacou o projeto Sistema Nacional de Comunicações Críticas (Sisnacc), de caráter de governança, que visa criar uma rede de comunicação em rádio para interlocução do Exército e agências governamentais, a fim de prestar socorro à sociedade civil e dar suporte a desastres. Hoje, o Brasil utiliza diversas tecnologias e faixas de frequência para a comunicação crítica sem um padrão convergente. O projeto contempla uma faixa de 4G que vai dar mobilidade ao agente público militar. “É uma plataforma rica com uma ampla gama de aplicações de serviços de TI para serem produzidos”, comentou o general.

Ele ainda citou o projeto Amazônia Conectada, que vai levar conectividade à região pelos leitos dos rios, implementado pelo Exército em parceria com a RNP e órgãos públicos do Amazonas. “Vamos chegar a Tefé no primeiro semestre de 2016 e levar internet para 11 milhões de pessoas desconectadas”, disse.

Já o diretor do departamento de Indústria da Defesa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Sérgio Vaquelli, desenhou o cenário da indústria no Brasil, ressaltando que ela configurou 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014. “Nosso interesse é valorizar a missão das Forças Armadas no Brasil e facilitar o diálogo entre as empresas e as organizações militares”, declarou.

De acordo com o representante da Fiesp, o Brasil fica em quinto lugar em área geográfica e população, no entanto, em 12º lugar em gastos militares, e sua postura geopolítica “não condiz com a sua capacidade de defesa”.

Vaquelli informou que, no período entre 2008 e 2012, o Brasil teve um período de crescimento econômico e um maior interesse pela indústria de defesa nacional. Em 2012, foi regulamentada a lei 12.598, que estabeleceu normas especiais para o setor e permitiu a compra direta de produtos estratégicos de defesa, em funções dos requisitos técnicos. Hoje, a crise econômica tem gerado impacto, principalmente com as restrições orçamentárias, falta de recursos, ausência de garantias contratuais e acesso ao financiamento de pequenas e médias empresas.

“Investimento em defesa é uma alternativa econômica para o Brasil. Nos últimos anos, cada real investido em sistemas de defesa gerou dez vezes mais em divisas de exportação, segundo a Embraer”, declarou.