Ferramentas de e-Ciência auxiliam pesquisadores na produção científica

O Science DMZ, ferramenta que otimiza transferências de grande volume de dados nas universidades para fins de pesquisa, foi o destaque da trilha de e-Ciência, no segundo dia do Fórum RNP 2015. Para a professora do Laboratório de Arquitetura e Redes de Computadores (Larc) da Universidade de São Paulo (USP), Tereza Carvalho, o projeto representa uma mudança de paradigma, em que a rede ultrapassa a infraestrutura e passa ser um instrumento de pesquisa. “Com o Science DMZ, não é mais possível dissociar a rede do processo de pesquisa”, comentou.

Segundo dados da USP, alguns laboratórios de universidades brasileiras chegam a produzir por dia enormes quantidades de dados, como o de neurologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na ordem de 200 GB por dia em imagens e vídeos. A fim de viabilizar o compartilhamento desses dados, a arquitetura de rede Science DMZ, desenvolvida pela rede norte-americana ESNet, opera em paralelo à rede de produção do campus, tornando-se uma via exclusiva para transferências de alto desempenho.

Como principais desafios para a implantação desse modelo, os pesquisadores Eugênio de Almeida, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Kevin Lopes, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e Gabriel Pereira da Silva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apontaram a falta de integração das equipes de TI e de pesquisa e a política de segurança, que deve ser específica para as aplicações científicas.

Compartilhamento de dados e big data

Diante do aumento do volume de dados produzidos pela comunidade científica, como compartilhar esses dados tornou-se um obstáculo a ser superado. A pesquisadora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Daniela Brauner, caracterizou esse fenômeno como avalanche de dados, mais conhecido também como big data, que tem se apresentado como uma nova fronteira para competitividade e inovação. “Para o big data, o volume de dados em si não basta, o desafio também é grande”, declarou.

Daniela ressaltou que reprodutibilidade e repetibilidade são princípios fundamentais de métodos científicos e a dificuldade de acesso a dados impede a reprodução de experimentos. Diante disso, foi criada uma sociedade internacional que reúne a comunidade interessada no compartilhamento de dados científicos, a Research Data Alliance (RDA), para buscar soluções para o problema.

Já o assessor da diretoria-geral do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), José Arimatea, mostrou como o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) superou a coleta, o gerenciamento e o compartilhamento de dados na área de clima e tempo. Foi criado um sistema de informação internacional, o WIS, que o palestrante caracterizou como um “Google privado”. Através dele, 191 países trocam dados meteorológicos e climáticos coletados de 10 mil estações de observação no mundo. “Para nós, colaboração é tudo”, afirmou José Arimatea.