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A tecnologia como ferramenta de disrupção e progresso
“A tecnologia na história da humanidade serviu para ser disruptiva, para disseminar conhecimento”, destacou o pesquisador Sênior da Educause, Christopher Brooks, em sua palestra na tarde desta quarta-feira, 26/8, no Fórum RNP 2015.
Ao citar o mito grego de Prometeu e da criação de Pandora, assim como a história bíblica de Adão e Eva, falou sobre o processo dialético do acesso ao conhecimento, em que há a tese, a informação inicial, a antítese, que é a sua retirada e, do conflito entre eles, surge a síntese, uma situação nova, que carrega, nessas alegorias, “o bom e o ruim, que é o conhecimento da dor”.
Fazendo um retrocesso histórico, Brooks citou três tecnologias como ferramentas de mudanças e revoluções sociais: a escrita, a impressão e a autopublicação. Começando pela primeira, explicou que o monopólio da informação sempre foi visto como importante para a detenção de poder. “Na Antiguidade, só quem tinha riqueza e poder podia mandar seus filhos para estudar”, afirmou.
Outra “disrupção revolucionária” foi alcançada, de acordo com o pesquisador, com a invenção da imprensa pelo alemão Johannes Gutenberg. “No século XIV, quando Gutenberg inventou a prensa, acabou com a era de transcrição manual da Bíblia, tornando-a mais disponível. Nessa época, na Alemanha, não havia muita gente que lia. Se quisessem conhecer Deus, tinham que ir à igreja, o que é uma forma de controlar conhecimento. Quando (Martinho) Lutero surgiu e fez suas 95 teses, distribuídas em massa, as pessoas puderam ler e entender o que acontecia na Igreja (Católica), o que mudou a mentalidade dos alemães. Eles podiam falar diretamente falar com Deus”, relatou. Esse movimento culminou na Revolução Francesa e nos movimentos de independência, como a dos Estados Unidos.
“Simplesmente por poder imprimir, pudemos disseminar informações e acabar com regimes autoritários”, divagou. Ele exemplificou esse fenômeno com a Revolução de Veludo, um levante não-violento na Tchecoslováquia, cujas origens remontam a 1976, com a publicação de um manifesto contra o regime comunista pelo escritor e dramaturgo Václav Havel. “Em 1989, a Tchecoslováquia acabou com o comunismo sem uma gota de sangue”, afirmou.
Já como exemplo de disrupção causada pela autopublicação mencionou a série de protestos que ocorreu, em 2010, na Tunísia, na África e no Oriente Médio contra os regimes ditatoriais. “O que faz desses eventos interessantes é que a tecnologia permite o uso de redes sociais para organizar eventos de protestos e documentar a situação. Isso se dá porque temos capacidade tecnológica. Você até pode tirar o plugue e desconectar as pessoas, mas isso prejudicaria a estrutura de governo também”, disse.
Segundo Brooks, “hoje vivemos na ficção científica. Para a educação, isso significa que temos os dispositivos à mão. As pessoas querem aprendem de qualquer lugar, a qualquer hora”, alegou. De acordo com os estudos mostrados, “em dois anos, o mobile learning vai ser uma realidade”.
No entanto, dados levantados pela Educause evidenciam que, apesar de 66% dos alunos de ensino superior norte-americanos estarem conectados a, pelo menos, dois dispositivos, são desencorajados pelos professores a levarem os equipamentos para a aula. “Os estudantes têm os meios e a vontade de levar mobile learning para o campus, mas 75% nos contaram que não podem levar smartphones para a sala”. O motivo é que o corpo docente acredita que eles usam seus dispositivos para outras atividades.
“Os docentes detêm o monopólio do conhecimento nesses ambientes. E acham que não dá para simplesmente adotar tecnologias educacionais sem provas. No entanto, pesquisas mostram que o aprendizado online e o face a face são equivalentes. É a combinação desses dois que tem um resultado maior no ensino”, garantiu.