Tecnologia como ferramenta pedagógica é estratégica para a educação no Brasil

O Brasil precisa dar saltos em educação e ter internet de qualidade nas escolas, sejam públicas, privadas, urbanas ou rurais, significa compartilhar conhecimento de maneira mais igualitária. A questão foi levantada no painel de Tecnologias aplicadas à educação, no último dia do Fórum RNP 2015.

Para a coordenadora de projetos educacionais da Fundação Lemann, Daniela Caldeirinha, a conectividade em si não é suficiente para o trabalho pedagógico e o grande objetivo de ter internet em salas de aula é a equidade. “O acesso à internet nas escolas reproduz as desigualdades que já temos. Os alunos com internet de alta qualidade têm uma série de oportunidades que os alunos de escolas públicas sem conexão não têm. É uma questão de direito”, ressaltou Daniela.

Já o diretor de tecnologia do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Renê de Lima Barbosa, afirmou que tecnologia educacional não se resume a produção de conteúdo digital ou a dispositivos eletrônicos, é preciso também cumprir a meta 15 do Plano Nacional de Educação (2011-2020): investir na formação "inicial e continuada" dos docentes.

“É preciso ocupar todos os espaços, mas não apenas no sentido de conectividade. Mobilidade tem a ver com conectar pessoas. Antes de existir qualquer tecnologia, a prática do ensino acontece com produção e compartilhamento de conteúdo. É preciso prover uma plataforma tecnológica em que esses hábitos sejam possíveis”, declarou o diretor do FNDE.

Segundo dados do Ministério da Educação, 86% dos estudantes frequentam escolas com acesso à internet. No entanto, essa rede fica restrita às secretarias ou laboratórios de informática, e muitas vezes a qualidade de banda é insuficiente.

A fim de levar conectividade para mais instituições de ensino do país, a Fundação Lemann elaborou um plano técnico com a meta de atender todas as escolas brasileiras com, pelo menos, 10 MB de banda até 2016, com prioridade para o ensino médio. O documento contempla tanto a construção da infraestrutura de telecomunicações quanto a contratação da conexão pelos estados, municípios e, em áreas remotas, pelo governo federal, com modelo de gestão descentralizado, em parceria com diversos órgãos.

Outros gargalos apontados pela Fundação Lemann foram a falta de bons produtos de software e plataformas em educação, os modelos de compras, que impedem as secretarias de educação de contratar serviços de tecnologia em geral, e a formação dos professores. Para a moderadora da sessão e reitora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha, Carla Comerlato Jardim, mais do que incentivar cursos de capacitação tecnológica, é preciso valorizar a profissão de professor como um todo e buscar meios para medir o impacto da tecnologia na aprendizagem. “Precisamos saber se a competência foi melhorada com a aplicação desses recursos”, concluiu.