- 25 a 27 agosto
- Brasília
- DF
Uso de tecnologias móveis na saúde
Os dispositivos móveis com acesso à internet têm o grande potencial de ampliar as ações dos profissionais de saúde, facilitando o atendimento em lugares remotos, auxiliando o acompanhamento de pacientes com restrição de locomoção, promovendo a troca de informações entre profissionais, entre outras atividades. O painel, realizado na manhã do dia 25/8, reuniu profissionais de setores públicos e privados para apresentar as inovações disponíveis e em desenvolvimento na área.
O professor do Departamento de Informática em Saúde da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ivan Pisa, abriu o encontro destacando o cenário atual do uso das tecnologias no Brasil. “A criação de plataformas e dispositivos móveis na saúde ainda é uma ação incipiente no país. Precisamos aprofundar diversas questões, como a necessidade de certificar as aplicações móveis na saúde, para garantir a segurança da informação dos pacientes”, iniciou.
A parceria da RNP com o Ministério da Saúde (MS) para o desenvolvimento de Grupos de Trabalho (GTs) Temáticos voltados para e-Saúde foi um dos destaques do painel. Para a coordenadora nacional do Programa Telessaúde Brasil Redes, Tâmara Guedes, “o objetivo é incorporar novas tecnologias ao SUS (Sistema Único de Saúde), a fim de mudar o processo de cuidar, fazendo com que a tecnologia seja parceira dos profissionais de saúde”.
Assim, foram apresentados os projetos dos GTs atualmente apoiados pela RNP: o GT-MobVida (Implementação de Questionários Inteligentes para Dispositivos Móveis) e o GT-RarasNet (Desenvolvimento de aplicativo mobile para divulgação de informações sobre doenças raras). A professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Magdala Novaes, fez a exposição do primeiro, que visa criar questionários eletrônicos de forma fácil e intuitiva, para permitir o rastreamento de doenças e planejamento do cuidado da saúde mental de idosos. “O envelhecimento da população é algo real. Isso potencializa a necessidade de criar soluções específicas para essa população. Acreditamos que a tecnologia pode contribuir com a atendimento em escala, com acesso a especialistas a distância, por exemplo”, ressaltou.
O GT-RarasNet propõe o desenvolvimento de aplicativo mobile para divulgação de informações sobre doenças raras. De acordo com o professor da Universidade de Brasília (UnB), Natan Monsores, a motivação surgiu ao perceberem que os profissionais de saúde não são preparados corretamente para cuidar desse tipo de pacientes e que a população muitas vezes de assusta ao buscar informações na internet com procedência duvidosa ou alarmante. “Nosso objetivo é veicular informações nacionais sobre doenças raras e construir, de maneira colaborativa, conhecimentos sobre cuidados e tratamentos dessas”, complementou.
Outro participante do painel foi o Healthcare IT Development Manager da Intel, José Bruzadin. Ele apresentou a visão da empresa sobre o tema, destacando o objetivo de desenvolver um ecossistema capaz de facilitar e aumentar a eficiência das soluções criadas para o setor, com foco em tornar a entrega de saúde possível em qualquer lugar. “Acreditamos que o futuro do profissional de saúde inclui estar conectado às novas tecnologias, viver em um ambiente de ampla colaboração digital entre médicos e especialistas; além da possibilidade da medicina personalizada, viabilidade pela genômica. Contudo, para que o uso de dispositivos móveis seja incentivado, acreditamos que seja necessária a regulamentação do MHelth e a certificação de produtos e serviços de mobilidade na saúde”, ressaltou.
Seguindo com as iniciativas das empresas privadas, o gerente de P&D da Samsung, Miguel Lizarraga, demonstrou o interesse da empresa em entrar na área da saúde. Atualmente, a Samsung possui vários aplicativos e plataformas que podem apoiar nesse sentido, como o Samsung Health, em que é possível imputar dados pessoais voltados para o bem-estar. “Acreditamos que colaboramos com o setor ao disponibilizar esses apps (aplicativos) de maneira massiva para a sociedade. Contudo, é fundamental que se crie uma inteligência para tratar essa imensa quantidade de dados e gerar informações úteis para a sociedade”, destacou.
O Brasil possui diversos desafios na área da saúde, como a cobertura insuficiente de atenção básica, o longo tempo de espera para algumas especialidades e a pouca efetividade de cuidados de pacientes crônicos. Para o diretor do Departamento de Informática do SUS, Giliate Coelho Neto, a expectativa é de que as tecnologias ajudem a solucionar grande parte desses problemas. “Por isso, o MS está investindo na criação de um ambiente de negócio para o desenvolvimento de aplicativos e soluções na área de saúde”. Uma ferramenta já em desenvolvimento é o Registro Eletrônico Nacional de Saúde (RES), que reúne informações clínicas e administrativas dos pacientes e serviços de saúde que possam ser acessados por profissionais e usuários.
O Programa Educacional Brasileiro de Desenvolvimento para iOS (BEPiD), da Universidade Católica de Brasília (UCB), também foi destaque no encontro. A iniciativa tem o objetivo de capacitar estudantes para se tornarem desenvolvedores de aplicativos iOS. Entre os mais de 150 aplicativos já disponibilizados pelos participantes do BEPiD, alguns contemplam a área da saúde. O coordenador do projeto, professor Eduardo Moresi, apresentou rapidamente três aplicativos voltados para esse tema. O primeiro foi o Mapa da Saúde, ferramenta utilizada para apontar, geograficamente, a distribuição de recursos humanos e das ações e os serviços ofertados pelo SUS e pela iniciativa privada. O segundo foi o Mami, que está em fase de testes e visa oferecer dicas para gestantes, incluindo beleza, direitos trabalhistas e saúde; funcionalidade para registrar momentos da gravidez; ferramenta para medir contrações. Outro é o VacinApp, uma carteira de vacinação eletrônica, que permite registrar as vacinas tomadas, gerar alertas para as pendentes, entre outras funcionalidades.
Ao final, o moderador Ivan Pisa estimulou os palestrantes a destacarem os desafios que encontram para o uso de dispositivos móveis na saúde. Os principais destaques ficaram para a falta de profissionais preparados para uso desses aplicativos, conectividade ampla e regulamentação dos dispositivos usados na área.