Ladmir Carvalho, fundador da Alterdata Software, empresa brasileira de desenvolvimento de software de gestão empresarial, será o keynote speaker da 8ª edição do Fórum RNP. Realizado entre nos dias 26, 27 e 28 de agosto, em Brasília, o encontro traz o tema “Desafios da Transformação Digital no Ensino e na Pesquisa”. O evento é dirigido aos profissionais de TIC, reitores e pró-reitores das Universidades e Institutos Federais do Brasil.
Durante a palestra, Ladmir pretende contar a história da Alterdata, iniciada em 1989 no mercado de software brasileiro e como, após três décadas de existência, a empresa se mantém com mais de 300 mil sistemas em operação e 1,6 mil colaboradores. Nesse processo, o empresário leva para os participantes uma linha de raciocínio apontando quais são as características do comportamento de um profissional de Tecnologia da Informação para as transformações digitais que estão dominando o cenário internacional nos últimos anos.
Confira o bate-papo que tivemos com Ladmir sobre transformação digital e os processos da Alterdata nos últimos 30 anos.
Na sua opinião, quais são as principais mudanças causadas pela transformação digital, principalmente no Brasil?
Ladmir: Essas transformações deram um poder aos colaboradores de empresas de tecnologia que antes eles não tinham. O acesso à informação é uma coisa astronômica. Antigamente, como líder, eu tinha que ser um criador de conteúdo para os funcionários da minha empresa. Hoje, eles têm acesso ao conteúdo com um clique. Atualmente, como líder, a minha posição é muito mais de um provocador, sou alguém que define metas e objetivos. A transformação digital mudou a forma como líderes e colaboradores lidam com a divulgação de conteúdos e a forma de se disseminar práticas nos ambientes de trabalho.
Qual é a importância de debatermos mudanças e tendências com as equipes visto que tudo muda o tempo todo e temos tantas novidades, quase que semanalmente?
A Alterdata tem cerca de 50 mil clientes, então são 50 mil empresas que usam nossos softwares. Isso significa que aproximadamente 1 milhão de usuários usam nossos sistemas todos os dias. O que é importante reforçar - e é sobre isso que vou falar durante minha participação no Fórum RNP - é que todas as empresas devem ter seus fluxos de conscientização das equipes. É necessário realizar palestras, apresentar posicionamentos diferentes de professores, representantes do mercado e manter as equipes motivadas. Na Alterdata, temos uma universidade coorporativa. No ano passado, ela capacitou 52 mil pessoas, entre colaboradores da casa e funcionários dos clientes. Se o seu usuário final entende o que você está oferecendo e as oportunidades que o seu serviço traz, então você venceu mais um processo.
Em resumo, que orientação você daria para empresas que precisam encaixar a forma de fazer negócio em um modelo digital?
A maior dica é mudar o mindset da equipe de engenharia e técnica. No passado, as equipes de softwares e tecnologia davam mais poder para engenheiros, desenvolvedores e programadores, pois esses criavam produtos. Logo, essas equipes tinham ideias maravilhosas, criavam projetos e o marketing tinha que vender. Isso não funciona mais nos dias de hoje. Atualmente, a forma de obter sucesso é deixar que o comercial vá à campo e descubra a dor do mercado, para repassar à equipe de tecnologia o que deve ser feito. Os profissionais de TIC vão construir aquilo que o mercado quer. Essa é uma virada no jogo para não apenas obter o lucro, mas conquistar sucesso e não deixar uma única equipe idealizando coisas mirabolantes, que podem até ser um sucesso, mas não é um mercado para arriscarmos. Essa é uma das transformações que fizemos na Alterdata e que pode ser copiada por qualquer empresa de tecnologia. Lá no passado, eu e meu sócio criávamos produtos, mas isso passou a não ser mais eficaz. Ter um departamento na empresa que investiga o mercado, faz pesquisas cientificas e aponta as reais necessidades é o segredo do sucesso.