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110 pessoas participaram do 9º SCI

UFBA sediou o mais tradicional evento da RNP


O 9º Seminário de Capacitação Interna (SCI) terminou na sexta-feira. O mais tradicional evento da RNP foi realizado na Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador, de 10 a 14 de novembro. O seminário teve 110 inscritos entre técnicos dos pontos de presença da RNP e convidados. A programação incluiu palestras, mesas redondas, minicursos e trilhas técnicas.

Os dois primeiros dias foram exclusivamente voltados para as trilhas técnicas, com laboratórios sobre formação de administradores de salas de videoconferência e sobre análise forense em sistemas comprometidos. O primeiro foi ministrado por Fabricio Tamusiunas, do ponto de presença da RNP no Rio Grande do Sul (PoP-RS). O segundo, pelos técnicos do Centro de Atendimento a Incidentes de Segurança da RNP (CAIS) Guilherme Vênere e Jacomo Piccolini.

Abertura do 9º Seminário de Capacitação Interna

A abertura oficial do 9º SCI ocorreu no dia 12, com a presença do diretor geral da RNP, Nelson Simões; do reitor da UFBA, Naomar Monteiro Filho; do diretor de Operações da RNP, Alexandre Grojsgold; e do chefe de gabinete da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia, Emerson Casalli. Simões falou dos projetos atuais da RNP, da importância das redes para o trabalho científico em âmbito global, e do projeto Cooperação Latino Americana de Redes Avançadas (Clara). O diretor da RNP apresentou exemplos de aplicações inovadoras em desenvolvimento e de atividades colaborativas em execução. Em seguida foi oferecido o minicurso MPLS e VPNs, com Joberto Martins, da Unifacs. A tarde foi preenchida por palestras e discussões sobre segurança de redes e spam.

O dia 13 foi dedicado aos grupos de trabalho da RNP e a aplicações inovadoras. Na primeira palestra do dia, Iara Machado, gerente do programa Grupos de Trabalho RNP, fez um relato sobre as atividades desenvolvidas desde o início do programa e apresentou os novos grupos selecionados para este ano. Guido Lemos e Paulo Henrique Aguiar, coordenadores dos GTs de vídeo digital e de voz sobre IP, respectivamente, mostraram o que suas equipes estão desenvolvendo com o apoio da RNP.

Aplicações P2P na berlinda

A mesa redonda de quinta-feira, com Fabricio Tamusiunas (PoP-RS), Gorgônio Araújo (Nexus/UFBA) e Ivo de Carvalho Peixinho (UFBA), tratou de peer-to-peer (P2P). Foram apresentadas ferramentas para identificação e bloqueio de aplicações P2P e discutiram-se questões relacionadas a pirataria, direito autoral e políticas de restrição de uso de aplicações como Kazaa e Morpheus. A discussão na platéia esquentou, com gente defendendo que o P2P pode ser usado com fins científicos, para transferência de arquivos que não envolvem direito autoral. A mesa lembrou, no entanto, que a responsabilidade jurídica pela pirataria feita por usuários de aplicações P2P pode recair sobre a instituição que abriga estes usuários. Ao final do debate, mesa e platéia não haviam chegado a um consenso sobre se deveriam bloquear as aplicações P2P em suas instituições e como isso seria feito.

As trilhas técnicas foram retomadas no último dia do evento, com quatro laboratórios: Multicast; Ferramentas de Gerenciamento de Redes; Construindo Roteadores com Linux; e Tráfego e Medidas. O primeiro foi conduzido por Adenilson Raniery e, o segundo, por Guilherme Domingues, ambos do Centro de Engenharia e Operações da RNP. Os dois últimos laboratórios foram ministrados por Christian Lyra e Pedro Torres, do ponto de presença da RNP no Paraná (PoP-PR).

Sessões extras

Duas sessões extras foram agendadas para as noites dos dias 12 e 13. A primeira, apresentada por Alexandre Medeiros, do CAIS, versou sobre DoS, um tipo de ataque, promovido por hackers, capaz de derrubar uma rede sobrecarregando-a com material inútil. DoS é a sigla para denial of service (negação de serviço). Medeiros lembrou que é necessário que os administradores de rede atualizem seus sistemas constantemente, pois muitas vezes os ataques são feitos usando vulnerabilidades que já foram descobertas e para as quais já existem soluções disponíveis. O técnico do CAIS falou ainda sobre formas de se proteger contra os ataques DoS e sobre como detectar se uma sobrecarga na rede é uma variação sazonal ou se ela está sendo realmente atacada.

Público do 9º Seminário de Capacitação Interna

A sessão extra do dia 13 foi conduzida por Alexandre Grojsgold e Adenilson Raniery, da RNP. O tema era peering regional. Grojsgold falou sobre a criação de pontos de troca de tráfego pelos PoPs como forma de facilitar o trânsito entre a rede da RNP e redes comerciais. Técnicos dos PoPs do Rio Grande do Sul e do Paraná relataram as experiências bem-sucedidas em seus estados. Roberto Quaresma, da UFBA, lamentou que o mesmo não aconteça no Nordeste, onde as redes comerciais não têm demonstrado nenhum interesse em trocar tráfego com a RNP. Com isso, explica Quaresma, "para ler um jornal local, o usuário da RNP na Bahia tem que ir ao Rio de Janeiro e voltar". Quer dizer, como não há comunicação entre as redes acadêmica e comercial na Bahia, o tráfego de dados de uma para outra rede tem que ser feito via Rio de Janeiro, um dos pontos nos quais a RNP faz troca de tráfego com backbones comerciais.

Outra questão abordada foi se é melhor que a troca de tráfego seja feita no âmbito regional ou nacional, isto é, se as redes que fizerem acordos de peering com um determinado ponto de presença devem ter acesso apenas aos prefixos dos usuários locais da RNP ou a todos os prefixos. Se, por um lado, pode ser vantajoso para a RNP que clientes de redes comerciais não utilizem o backbone acadêmico para chegar a usuários em outros pontos de presença da RNP, por outro lado, oferecer acesso a toda a rede torna o convite para um ponto de troca de tráfego mais interessante em muitos casos, principalmente para pequenas redes locais, com dificuldade de acesso nacional.

Sucesso é resultado de muito trabalho

A escolha da Bahia para sediar o 9º Seminário de Capacitação Interna foi aprovada por boa parte dos inscritos, principalmente pelos técnicos do Norte e Nordeste. Os questionários de satisfação aplicados pela organização do evento ainda não foram tabulados, mas a impressão geral é de que o encontro agradou aos participantes. Realizar o seminário fora da RNP, no entanto, tornou a tarefa mais árdua para os organizadores. Foi necessário transportar ou comprar uma grande quantidade de material, desde roteadores e webcams a artigos mais prosaicos como mouse pads e headsets. O apoio local oferecido pelo pessoal da UFBA foi indispensável para a realização do evento.

O Seminário de Capacitação Interna é um evento anual cujo principal objetivo é capacitar os profissionais dos 27 pontos de presença da RNP.

[RNP, 18.11.2003]

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