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Projeto Cyclops: popularização de avançadas tecnologias na medicina

Softwares utilizam rede acadêmica nacional


Soluções de alta tecnologia com baixo custo para a medicina. Essa é a proposta do Projeto Cyclops, uma colaboração binacional entre Alemanha e Brasil que, desde 1997, vem desenvolvendo projetos de suporte ao diagnóstico médico radiológico, através de pesquisas em áreas como banco de dados de imagens médicas, telemedicina e workflow médico-hospitalar. Para outubro, o Projeto Cyclops prepara a 4ª Edição do Simpósio Catarinense de Processamento de Imagens Médicas (SCDPI2004), que será realizado, entre os dias 18 e 20, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Surgido, inicialmente, na Alemanha, em 1993, na Universidade de Kaiserslautern, o Projeto Cyclops contava, na época, com um grupo de pesquisa para análise inteligente de imagens voltado à área médica. Posteriormente, as atividades do Projeto foram diversificadas e passou-se a desenvolver tecnologia de suporte para os setores médicos relacionados à radiologia, oncologia e obstetrícia. Com o apoio do Programa de Cooperação Brasil-Alemanha em Tecnologia da Informação, o Brasil passou a integrar o projeto, através da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 1997.

Atualmente, o projeto Cyclops conta com a participação de grupos de pesquisa em sete universidades brasileiras, quatro universidades alemãs, além de três hospitais universitários, três clínicas privadas e dois hospitais públicos, distribuídos entre Brasil e Alemanha. A colaboração é financiada pelo CNPq, Sociedade Alemã de Pesquisas Aeroespaciais (DLR) e Sociedade Alemã para Matemática e Processamento de Dados (GMD).

A maioria das soluções desenvolvidas pelo projeto Cyclops já existe no mercado internacional, mas a um custo extremamente alto para uma solução que integra um hospital inteiro. De acordo com o coordenador do projeto no Brasil, professor Aldo von Wangeinheim, do Departamento de Informática da UFSC, o grande diferencial do Cyclops é o baixo custo das tecnologias oferecidas.

- A nossa proposta é tornar viável o uso de tecnologias avançadas pelos hospitais públicos e pequenas clínicas, que mais se beneficiariam desses serviços em virtude da agilidade e redução de custos das atividades médicas daí resultantes – diz Aldo.

Todas as aplicações desenvolvidas pelo projeto Cyclops trabalham com padrões internacionais. Dentre eles, o mais comum é o Digital Imaging and Communication in Medicine (DICOM), amplamente utilizado em equipamentos de diagnóstico tradicionais, como máquinas de raio-x, ultrassonografia, ressonância magnética, tomografia computadorizada e medicina nuclear.

Sala de laudo virtual permite conferências médicas pela Internet

Na área de telemedicina, uma das tecnologias desenvolvidas é a sala de laudo virtual, que proporciona uma teleconferência radiológica. Nela, diversos médicos, a partir de seus computadores pessoais, participam de uma sessão de discussão, onde todos os movimentos de mouse nas imagens no computador de um dos participantes, como uso de lupas, marcações e medições de regiões, são visualizadas pelos demais médicos.

A sala de laudo virtual favorece a agilidade na tomada das decisões médicas conjuntas e reduz os custos com viagens. Diante da deficiência de recursos e médicos mais experientes, os hospitais e institutos de saúde das cidades periféricas são um dos mais beneficiados pela tecnologia, que lhes permite recorrer aos grandes centros das capitais.

- O objetivo da sala de laudo virtual é colocar médicos em contato para a discussão de exames radiológicos, seja para uma segunda opinião, seja para diagnóstico remoto, seja para avaliação com cirurgiões ou em caso de necessidade de tomada de decisões acerca de que tipo de tratamento se deva seguir – explica Aldo.

Equipamento wireless utilizado para workflow hospitalar

Uma das atividades que estão sendo desenvolvidas pelo projeto Cyclops atualmente é um sistema de gerenciamento de workflow hospitalar (gestão de recursos, pessoal e planejamento e acompanhamento de atividades dentro de um hospital). O serviço visa integrar as padronizações internacionais de workflow (definidas pela Workflow Coalition), de prontuário eletrônico do paciente (definidas pelo DICOM Structure Reporting) e de agendamento de exames em equipamentos radiológicos (definidas pelo DICOM Worklist).

- Dessa forma será possível integrar os softwares de operação que acompanham equipamentos radiológicos modernos diretamente em um sistema de controle de fluxos de trabalho de um hospital. Toda essa tecnologia está sendo desenvolvida de forma a operar de maneira wireless em computadores de mão conectados via rádio à rede do hospital. Assim, qualquer médico ou técnico poderá consultar suas tarefas, verificar o status de um paciente sob sua responsabilidade ou planejar seu trabalho em qualquer parte do hospital e em qualquer momento – diz Aldo.

No Brasil, seis instituições já utilizam os softwares criados pelos Cyclops. São elas: Hospital Universitário da UFSC, Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, Maternidade Camela Dutra de Florianópolis, Hospital Regional do Alto Vale do Itajaí, Clínica DMI de São José (SC), Clínica UltraX de São José do Rio Preto (SP).

Redes acadêmicas viabilizam pesquisa internacional

De acordo com Aldo, um dos desafios do projeto é tornar os aplicativos amigáveis o suficiente para que o tempo de treinamento das tecnologias e a resistência à novidade por parte das instituições se reduzam ao mínimo possível.

- É muito importante que as equipes médicas estejam dispostas a modificar sua cultura de trabalho. Se esta pré-condição estiver satisfeita e a administração do hospital estiver disposta a realizar um conjunto de investimentos relativamente pequenos e que se pagam muito rapidamente, todo o resto é muito fácil.

O pressuposto básico para a existência do projeto Cyclops é uma infra-estrutura de rede avançada, para o desenvolvimento e testes das tecnologias de ponta criadas. Em todo tipo de trabalho realizado pelo projeto são utilizadas as redes da RNP, a Rede Catarinense de Ciência e Tecnologia (RCT) e a parceira internacional Deutsche Forschungsnetz (DFN), nas conexões com a Alemanha. Na opinião de Aldo, não há outra forma de se desenvolver pesquisa atualmente sem o apoio das redes acadêmicas.

- As necessidades de comunicação entre pesquisadores já ultrapassaram, há muito tempo, a simples troca de e-mails. Acho inimaginável uma cena internacional de pesquisa sem as redes dando suporte a aplicações avançadas – diz Aldo.

[RNP, 30.06.2004]

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Outras referências:

Projeto Cyclops