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Diretor-geral da RNP traça cenário e visão de futuro de infraestrutura
No segundo dia do WRNP 2016, o diretor-geral da RNP, Nelson Simões, apresentou o cenário atual da infraestrutura para pesquisa e a visão construída para o próximo ciclo do contrato de gestão da organização, a ser renovado até dezembro.
Mostrou um estudo publicado pela consultoria McKinsey em 2014, que, pela primeira vez, analisou também os fluxos de dados transfronteiras. “Nossa posição é a 43ª entre 131 países. Estamos melhorando de patamar nesse índice, por conta dos fluxos financeiros e de serviços, mas evoluindo mais devagar que a média. Entre os BRICS (acrônimo do grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o Brasil é o que possui menor intensidade na troca de serviços. Apenas 24% dos fluxos de dados estão nas economias emergentes. Essas assimetrias de fluxos transfronteiras vão se reproduzir no território”, destacou.
“Com base nisso, criamos estratégia da RNP para 2020. Desde 1992, a capacidade da infraestrutura de redes aumentou no Brasil. Em 2005, mudamos de paradigma, paramos de prover capacidade em estado incremental e passamos a ampliar as conexões. E começamos agora a prover o ‘estado da arte’, com 100 Gb/s (na saída internacional da rede Ipê). Mas, ainda que consigamos manter a infraestrutura de pesquisa, considerada uma das melhores do mundo, isso exigirá uma forma diferente de prover conectividade, porque esta deve ser escalável de forma muito mais rápida do que foi no passado”, detalhou o diretor-geral.
Segundo ele, essa saída internacional tem que ser complementada com novas rotas. “Diferentemente de outros projetos iniciais, temos a rota entre Fortaleza e Porto Alegre, que não se concentra mais no Sudeste e se desdobra no território. Assim, temos que ser capazes de tornar essa uma experiência de rede escalável, com custo marginal e segura. Nosso maior desafio deixou de ser abrangência e passou a ser qualidade com que estamos provendo infraestrutura no território”, complementou.
Para o futuro, citou como inspiração os Estados Unidos, que, em 2008, mesmo em meio à crise, criou um programa, chamado Broadband Technology Opportunities Program (BTOP), para promover o desenvolvimento e a adoção de banda larga no país, tendo como âncoras instituições como escolas e bibliotecas no interior. “A estratégia da RNP é justamente reforçar esses modelos de comunidade. Queremos colocar nossos campi como âncoras desse processo de interiorização”, revelou o diretor-geral.
“E por que precisamos dessa rede? Não dá para criar novas aplicações com franquia. Precisamos ter capacidade para inovar, ter recursos disponíveis, principalmente para aplicações e ciberinfraestrutura. Há muitos problemas no Brasil que exigem envolvimento de todos, alunos, professores e pesquisadores. Ou seja, a colaboração é chave. E nossa experiência nos mostra que, com isso, é possível evitar custos e ser mais eficiente”, defendeu. “Vamos ter que repensar nossas cidades, para termos infraestrutura de rede de modo excessivo e abundante. Se não for assim, vamos limitar a inovação e o crescimento econômico”, concluiu Simões.