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Pesquisadores debatem os desafios para o compartilhamento e reuso de dados de pesquisa no Brasil

07/05/2018 17:44

Diariamente, novos dados de pesquisas, como números, imagens, saída de equipamentos experimentais ou de sensores, são gerados para produzir e validar resultados de pesquisa; contudo, muitos deles ficam restritos aos cuidados do pesquisador que os coletou. Na era da tecnologia que estamos vivendo, governos, instituições de fomento e grupos de ciência estão sensibilizados à necessidade da gestão dos dados, para facilitar descobertas, inovação e reutilização para novos estudos. Comunidades internacionais estão promovendo diversas ações para estimular o compartilhamento e reuso de dados. A questão que norteou o bate-papo foi: como a comunidade de pesquisa em rede de computadores está se organizando (ou deveria se organizar) para disponibilizar dados de pesquisa e quais as principais limitações para a disponibilização aberta dos dados?

Entre os desafios, o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Marinho Barcellos ressaltou o modelo de pesquisa promovido no Brasil. “Nosso modelo valoriza muito a competição. Isso faz com que o pesquisador não compartilhe os dados e quem perde é a comunidade científica”, analisou. Outra questão abordada por Barcellos foi a privacidade e a necessidade de revisão dos acordos que precisam ser assinados para dar acesso a dados sigilosos.

Já o pesquisador da LNCC Artur Ziviani explicou que existem diversas iniciativas no Brasil e no mundo sobre uso de dados de rede, mas que todos ainda têm muito o que amadurecer e se desenvolver. Segundo ele, também falta incentivo para os pesquisadores quererem fazer o compartilhamento desses dados. “Ainda não se sabe como podemos referenciar o uso desses dados compartilhados em outras pesquisas. Talvez a inclusão de citações e referência ao grupo de pesquisa ou ao pesquisador que disponibilizou os dados seja uma forma de valorizá-los”, exemplificou, Ziviani, que citou mecanismos de premiação como outra forma de incentivo ao compartilhamento de dados na comunidade acadêmica.

Contudo, não é tão simples compartilhar dados. É preciso desenvolver uma tecnologia para recebê-los, hospedá-los, classificá-los e disponibilizá-los. De acordo com o mediador do painel e professor da UFRGS, Rafael da Rocha, existe um grupo de trabalho, chamado RDP Brasil – Rede de Dados de Pesquisa Brasileira, que visa identificar práticas, mapear requisitos e prototipar um repositório para o compartilhamento de dados de pesquisa. Fazem parte dessa equipe a UFRGS, a Universidade Federal do Rio Grande (Furg), a RNP e o Ibict.

As melhores práticas recomendam que os dados de pesquisa, quando disponibilizados, sigam os princípios FAIR, que significa Findable, Accessible, Interoperable e Reusable (em português, Achável, Acessível, Interoperável e Reutilizável). Os princípios FAIR enfatizam a capacidade das máquinas encontrarem e usarem os dados automaticamente e o reuso e a reprodutibilidade dos dados pelos indivíduos.