| Amazônia é um desafio para as telecomunicaçõesPainel reuniu empresas no 8º WRNP Enfrentar a Floresta Amazônica é um desafio também para as telecomunicações. Como demonstrou Sérgio Araújo de Oliveira, da Embratel, o lançamento de cabos de fibra óptica no meio da floresta não é trivial. Os obstáculos passam pela dificuldade de acesso e por restrições ambientais. Atravessar rios e matas sem grandes obras de engenharia que gerem impacto negativo ao meio ambiente é praticamente impossível. A solução é o uso de satélites, diz Guilherme Saraiva, da Comsat. Saraiva foi a voz dissonante do painel "Comunicações na Amazônia". Para ele, a região não tem problemas de comunicação, pois é bem servida por satélites. "Satélite não é problema para a região amazônica, satélite é a solução", disse, lembrando que os satélites foram um "fator de integração nacional". Ao contrário da voz corrente, o representante da Comsat acredita que a tecnologia não seja cara - "está cada vez mais barata" -, mas reconheceu que, "se for comparar com a fibra óptica, é muito mais caro." Sem demonstrar tanto otimismo, Carla Sampaio, da Hispamar, falou da cobertura oferecida pelos satélites de sua empresa na região e citou como caso de sucesso o uso do satélite Amazonas para educação a distância. Ela lembrou que os satélites são "especialmente indicados quando não existe alternativa terrestre e é preciso contar com velocidades de transmissão altas." A Hispamar possui 160 antenas espalhadas na Amazônia, sendo 43 no Pará e 62 no Amazonas. A velocidade média dessas antenas é de 2 Mbps e o sistema está disponível de 99,6 a 99,8% do tempo. Outra alternativa possível para uma rede local de banda larga seriam as rede Wi-Max. Sérgio de Oliveira falou sobre o projeto Wi-Max Parintins, inaugurado em julho de 2006 com uma tele-aula de telemedicina. O Wi-Max Parintins é uma parceria da Embratel com a Intel, o CPqD, a USP, a Ufam, a Cisco e a Prefeitura de Parintins. Tordesilhas digitalO professor Altigram Soares da Silva, da Universidade Federal do Amazonas, mediou o painel. Em sua apresentação inicial, ele se referiu a uma "Tordesilhas digital" e disse que é preciso diminuir a exclusão digital dos pesquisadores na Amazônia. Segundo Altigram, a região é carente de infra-estrutura de alta velocidade, o que dificulta a colaboração com outros pesquisadores. Ele festejou a inauguração das redes ópticas metropolitanas de educação e pesquisa, que trarão algum alento à região, melhorando sensivelmente a comunicação em nível regional. Só recentemente as fibras ópticas têm chegado à Amazônia. As Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte) começaram a implantar fibras em 1998. O primeiro trecho da região amazônica ligava Boa Vista, em Roraima, a Santa Helena, na Venezuela. Apesar de possuir fibras em todos os estados da região Norte, no Maranhão, Mato Grosso e Goiás, a rede não está integrada. O trecho do Amapá, por exemplo, não se encontra com trechos de nenhum outro estado. A Embratel só chegou com fibras a Belém em 2000 e, a Manaus, em 2006. A empresa está se esforçando para levar fibra óptica a toda a região Norte, mas ainda trabalha com satélite e microondas em muitos locais. A Eletronorte possui uma das maiores malhas de fibra óptica da Amazônia Legal. No entanto, falta unir vários trechos da rede. É um retrato da dificuldade de se implantar uma infra-estrutura integrada de fibras ópticas na região. Uso de satélite para educação a distânciaAs comunicações via satélites chegaram à Amazônia na década de 1970. Em 74, a Embratel cobria todo o território com satélites. Os representantes da Comsat e da Hispamar citaram exemplos do uso de satélites para projetos de educação a distância. Carla Sampaio falou sobre a Uniderp Interativa, programa da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (Uniderp) que utiliza o sistema de ensino via satélite para transmitir aulas ao vivo a qualquer lugar do Brasil. São 60% de aulas interativas e 40% de aulas presenciais, assistidas em 130 pólos. "Em 2007, 14.000 alunos assistirão às aulas dos cursos de graduação, em tempo real, via satélite Amazonas", contou Sampaio. A Universidade Interativa COC é outro exemplo de projeto de ensino superior com uso do satélite Amazonas. De modalidade híbrida, com atividades presenciais e a distância, a COC possui suporte de campus virtual e plataforma multimídia para a transmissão de conteúdos e tutoria on-line. As transmissões de aulas em tempo real são feitas para 4.226 alunos em 75 telessalas e utilizam as tecnologias IPTV, VoIP, chats e fóruns como ferramentas de interatividade. Os satélites da Comsat são usados pela empresa Microlins e pela Universidade de Uberaba para a realização de cursos de graduação a distância. A Comsat ainda presta serviços ao Ministério das Comunicações, no programa de inclusão digital Gesac, e à Caixa Econômica Federal, no suporte à conexão de 9.000 casas lotéricas em todo o país. Sistema de Proteção da AmazôniaO Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) foi criado com o objetivo de integrar informações e gerar conhecimento atualizado para a articulação, o planejamento e a coordenação das ações globais de governo na Amazônia Legal Brasileira, visando à proteção, à inclusão social e ao desenvolvimento sustentável na região. O sistema utiliza dados gerados por uma complexa infra-estrutura tecnológica, composta por subsistemas integrados de sensoriamento remoto, radares, estações meteorológicas e plataformas de dados, instalada na região. Para que informações sejam transmitidas entre os Centros Tecnológicos Operacionais do Sipam e os usuários das informações, são usados satélites como o Brasilsat e infra-estrutura contratada de operadoras de telecomunicações. Desta forma, o desenvolvimento das redes de fibra óptica na região poderá ser útil para o sistema também, facilitando o tráfego de dados e oferecendo alternativas de menor custo. Laury Cesar Silva Andrade, que participou do painel "Comunicações na Amazônia" representando o Sipam, falou sobre alguns casos de sucesso, tais como o "Projeto Telessaúde Aplicada à Atenção Básica", em Paritins (AM); o fornecimento de equipamento portáteis de rádio-determinação para auxiliar equipes de resgate na Floresta Amazônica; a parceria com o Gesac para a inclusão digital; a instalação de terminais de usuários em comunidades indígenas; e o acordo com o governo de Mato Grosso para a realização de cursos a distância. Redes Metro EthernetTambém participou do painel, Harold Dias de Melo Júnior, da Oi Telemar. Ele falou, basicamente, sobre Metro Ethernet, solução oferecida pela empresa para o transporte de dados em redes WAN (wide area network) com alta capacidade. O produto apresentado pela Oi provê acesso a velocidades entre 10 Mbps e 1 Gbps, possibilitando transporte de dados, voz e imagens em nível metropolitano. A rede de fibra óptica da Oi, no entanto, só alcança a cidade de Belém na região Norte. Amazonas, Roraima e Amapá são atendidos por estações satelitais. O 8º Workshop da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (WRNP) foi realizado em Belém do Pará, nos dias 28 e 29 de maio. As empresas Embratel, Padtec, Cisco, Extreme Networks, Plant Engenharia, Global Crossing, Inter Quattri, Metrocable, Oi e Omega patrocinaram o evento. [RNP, 04.06.2007] | Notícias relacionadas: Ministérios acreditam nas redes para a inclusão social Não faltará dinheiro para investir em TIC [RNP, 04.06.2007] Grupos de trabalho em inovação apresentam resultados no WRNP Interação entre os GTs é cada vez maior [RNP, 01.06.2007] Mais de 200 pessoas compareceram ao 8º Workshop RNP Redes ópticas da última milha foram o tema central do evento [RNP, 30.05.2007] Inaugurada primeira rede óptica metropolitana para a comunidade acadêmica Metrobel é modelo para outras iniciativas regionais [RNP, 29.05.2007] |