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RNP2, inaugurado este ano, garante qualidade e atualização da rede acadêmica brasileira

RNP encerra o ano com avanços significativos na operação de seu backbone

Quando começou, 2000 trazia uma preocupante ameaça operacional para a Rede Nacional de Pesquisa (RNP) e desafios tecnológicos a serem superados ao longo do ano. O Bug do Milênio era um risco iminente à operação do backbone brasileiro que atende a 329 instituições de ensino e pesquisa e 15 redes estaduais, somando um universo de mais de 300 mil usuários. O próprio serviço de redes oferecido pela RNP estava com sua qualidade comprometida pela falta de investimento nos últimos dois anos em atualização de capacidade e pela defasagem tecnológica. Apesar deste cenário inicial, o ano de 2000 será lembrado por importantes realizações conquistadas e pelas perspectivas abertas para 2001.

O backbone da RNP não sofreu uma paralisação sequer em janeiro nem em fevereiro (períodos críticos dentro do calendário do Bug), fruto do trabalho preventivo iniciado em 1998 e que culminou com o plantão de mais de 60 técnicos em vários pontos-de-presença (PoPs) durante a virada do ano e ao fim de fevereiro.

Os marcos mais importantes deste ano foram, em março, a formalização da participação da RNP no projeto Internet2 norte-americano e, no final de outubro, o término da implantação de seu novo backbone, chamado de RNP2. Empregando tecnologia ATM, essa nova infra-estrutura elevou os patamares mínimo e máximo de velocidade da rede acadêmica nacional de 64 Kbps e 2 Mbps respectivamente, para 2 Mbps e 155 Mbps.

O RNP2 foi planejado para permitir suporte ao tráfego convencional (e-mail, web, etc.) das aplicações de universidades e centros de pesquisa, como também o suporte a experimentos com novos protocolos, serviços e aplicações.

Os efeitos imediatos da implantação do RNP2 foram a restauração da qualidade do serviço de rede acadêmico de produção e a garantia de largura de banda para tráfego de experimentação de novas tecnologias. Outro benefício, prestes a ser concretizado, é o estabelecimento de uma conexão do RNP2 com o Abilene, principal backbone do projeto Internet2. Com a atualização das conexões nacionais também foi possível incrementar a capacidade de troca de tráfego com redes comerciais brasileiras - em especial com a Embratel foram criadas interconexões que totalizam atualmente 70 Mbps - melhorando também a eficiência do acesso a recursos e sistemas entre estas redes e a RNP2.

Em 2000, foram investidos mais de R$ 24 milhões no RNP2, principalmente com equipamentos e serviços de telecomunicações, financiados em conjunto pelo Programa Interministerial de Implantação e Manutenção da Rede Nacional para Ensino a Pesquisa, firmado em outubro de 1999 entre o Ministério da Educação (MEC) e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), e através de recursos oriundos de aplicações de empresas na Lei de Informática.

Conexões internacionais de alta velocidade com EUA e Europa

Logo no início de 2001 será concluída a etapa de atualização da conexão internacional, originalmente prevista para 2000. Os quatro enlaces de 2 Mbps em uso atualmente serão substituídos por duas conexões de alta capacidade.

Um enlace de 45 Mbps entre Rio de Janeiro e Flórida vai ser oferecido gratuitamente por três anos pela Global Crossing no âmbito do projeto Americas Path (AmPath). Com acesso direto ao Abilene, ele será usado apenas para interconexão e colaboração entre redes acadêmicas no desenvolvimento de novas aplicações. E, através do serviço de trânsito oferecido pela Abilene, será possível obter acesso aos 181 participantes da Internet2 nos EUA, em sua maioria universidades, bem como a outras redes acadêmicas internacionais que também estabeleceram acordos de interconexão.

Uma outra conexão, de 155 Mbps entre Rio de Janeiro e Chicago, permitirá o escoamento do tráfego de produção de aplicações, ou seja, tráfego que não está associado a experimentação e desenvolvimento de novos protocolos e serviços de redes. A previsão de ativação destes dois enlaces é janeiro de 2001.

Ainda é possível que se estabeleça uma terceira conexão internacional direta à Europa em 2001, dentro da cooperação Brasil-Alemanha em Ciência e Tecnologia, o que permitirá a interconexão entre a RNP2 e o backbone pan-europeu, GEANT.

Documento assinado em março garante conexão ao projeto Internet2

A instalação e uso da conexão ao projeto Internet2 está garantida oficialmente através da assinatura do Memorandum of Understanding (MoU) entre a RNP e a University Corporation for Advanced Internet Development (UCAID), consórcio de universidades norte-americanas que coordena o desenvolvimento do projeto Internet2 nos Estados Unidos. Assinado no final de março, esse documento é o pré-requisito para que instituições estrangeiras participem formalmente do projeto.

Esses são os principais marcos da RNP em 2000 referentes ao serviço de backbone. Eles representam a adequação tecnológica da rede brasileira para ensino e pesquisa com o objetivo de atender com qualidade seus usuários e servir como infra-estrutura de suporte ao Programa da Sociedade da Informação, iniciativa do MCT que tem como foco a utilização das tecnologias da informação para o desenvolvimento.

[RNP, 22.12.2000]