| Arqueologia dos povos da Amazônia: uma viagem ao passadoNa quinta-feira, 12 de julho, a arqueóloga e antropóloga Denise Schaan falou sobre as descobertas arqueológicas em relação aos povos da Amazônia. Além de mostrar imagens de pinturas rupestres, utensílios, adornos e objetos rituais dos povos da Amazônia, a pesquisadora mencionou também as dificuldades que os arqueólogos enfrentam, tais como a existência de um grande mercado para traficantes de objetos arqueológicos e as condições precárias da população local, que fazem com que urnas funerárias de civilizações antigas, encontradas pelos moradores atuais, sejam usadas como recipientes para armazenar água e alimentos. Os primórdiosUma das teorias mais aceitas atualmente dá conta de que o continente americano teria sido ocupado originalmente por povos caçadores, vindos da Ásia. Diversamente do que ocorreu com os ocupantes da América do Norte, no entanto, os primeiros habitantes da Amazônia encontraram uma vegetação rica, com fartura de alimentos. Com isso, transformaram-se em povos caçadores e coletores, enquanto seus irmãos do norte permaneciam predominantemente caçadores. Como ocorre ainda hoje, os povos da Amazônia concentraram-se no litoral e próximos aos rios. Além dos frutos da floresta, comiam peixes e moluscos. Descartavam as conchas dos moluscos na terra, formando os sambaquis, que no idioma tupi quer dizer "monte de concha". Schaan explicou que os sambaquis são importantes sítios arqueológicos bastante comuns na Amazônia e que, muitas vezes, as pessoas passam por eles sem se dar conta de que aquele terreno coberto de conchas estilhaçadas pode guardar tesouros de centenas ou milhares de anos. EvoluçãoCom a fartura de alimentos, diminuiu o nomadismo e a cerâmica pôde se desenvolver. Os primeiros grupos ceramistas surgem por volta de 6.500 anos a.C. Inicialmente, as cerâmicas eram predominantemente utilitárias, simples e sem adornos. Com o tempo, começariam a aparecer objetos mais trabalhados, com representações de formas humanas (antropomórficas) e de animais (zoomórficas) e pinturas. Hoje, peças das culturas marajoara (400-1.300 d.C) e tapajônica (900-1.600 d.C) são admiradas no mundo inteiro, reproduzidas e consumidas como obras de arte. Há cerca de 3.500 anos surgiram as primeiras "sociedades de horticultores" da região, com o desenvolvimento de técnicas rudimentares de cultivo, segundo Schaan. A pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi conta que a mandioca foi cultivada pela primeira vez por esses povos da Amazônia, se espalhando depois pelo resto do continente. Futuros arqueólogosOs alunos das dez escolas participantes desta edição do VideoconCiência se mostraram bastante entusiasmados e fizeram perguntas sobre história e sobre o ofício arqueológico. Ao final, a própria palestrante, animada com o interesse das crianças, disse torcer para que, daquelas turmas, saíssem alguns arqueólogos. Denise Pahl Schaan é formada em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e mestre em arqueologia amazônica pela Pontíficia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Doutora em Antropologia Social pela Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, Schaan é hoje pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi e professora da Universidade Federal do Pará. Clique aqui para assistir à palestra. [RNP, 17.07.2007] | Notícia principal: Tema do VideoconCiência deste ano é a Amazônia Outras coordenadas: Plantas da Amazônia: região possui 2 mil espécies de valor econômico Terra preta arqueológica: um dos solos mais ricos do mundo Pororoca: encontro do Rio Amazonas com o Oceano Atlântico |