| Democratização do conhecimentoO Projeto da Internet2 brasileira prevê a interligação entre 14 cidades, para teleducação e telemedicina, revolucionando a rede pública Gazeta Mercantil Ediane Tiago e Christiane Hato 21.12.1999 O lançamento das REMAVs (Redes Metropolitanas de Alta Velocidade) das cidades de São Paulo (RMAV-SP) e Campinas (REMET) marca a entrada do Brasil no universo da Internet2. O projeto brasileiro existe há dois anos e prevê, inicialmente, uma rede acadêmica entre 14 cidades
Seguindo o modelo das redes acadêmicas de países como os Estados Unidos, a Rede Nacional de Pesquisa (RNP) e o Programa Temático Multiinstitucional em Ciência da Computação (ProTeM-CC), com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq) e do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), promoveram consórcios para a instalação das ReMAVs. Esses consórcios, em que é obrigatória a participação de empresas de telecomunicações, são responsáveis, na primeira fase do projeto, pela criação de backbones metropolitanos (enlaces de fibra, desenvolvimento de aplicações para Internet de banda larga e montagem e testes das redes). A RNP ficou encarregada das fases seguintes, em que estão previstas a interligação entre as ReMAVs e a ligação da rede acadêmica brasileira com as redes de outros países. Estas ligações serão feitas pela estrutura de backbone criada pela RNP, chamada de RNP2, com capacidade de transmissão de 34 Mgbps, podendo ser alterada para trabalhar com 155 Mgbps. "Por enquanto, a taxa de transmissão de 34 Mgbps é suficiente para atender à demanda sobre tráfego da RNP2", explica o coordenador da Rede Nacional de Pesquisa, José Luiz Ribeiro. Além de possibilitar a utilização de aplicações de nova geração, como a teleducação e telemedicina, a estrutura RNP2 revolucionou a tecnologia de redes públicas no Brasil. A Internet2 traz uma nova arquitetura em que são abandonados os termos Kbps (Kbits por segundo), utilizados na Internet1, para a adoção do Mgbps (Megabits por segundo) e até o Gbps (Gigabits por segundo). "A capacidade da banda é tão grande que hoje não temos aplicativos e equipamentos para explorá-la em seu limite", afirma Wilson Vicente Ruggiero, diretor do Laboratório de Arquitetura de Redes da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Com as exigências tecnológicas da nova rede, cada consórcio terá uma estrutura responsável pela comutação e gerenciamento de tráfego entre as redes de uma região, chamada de GigaPoP (pontos de presença). Semelhantes aos PoPs da Internet1, só que com capacidade para operar com banda larga e aplicações de alta velocidade. Nesses locais ficam equipamentos necessários como roteadores e switches. Na arquitetura da RNP2, cada GigaPoP deverá servir 5 e 10 membros da Internet2, e caberá a cada uma dessas estruturas o gerenciamento da troca de informações. Esse gerenciamento começa quando o usuário acessa a rede, que solicita informações sobre a qualidade necessária para a transmissão e o tipo de dado que vai trafegar na fibra. Com isso, a rede é capaz de verificar se existem recursos disponíveis para a transmissão. "Se o usuário especificar que precisa de um tráfego de 10 Mgbps e tentar transmitir 15 Mgbps, precisamos avisá-lo que ele está utilizando uma capacidade que não foi solicitada. Isso é necessário para garantir a qualidade da conexão de outros usuários", diz Ruggiero. Os GigaPoPs também estão preparados para se conectar à RNP2 e trocar informações com as ReMAvs de todo o país. A integração as redes metropolitanas é realizada por uma rede RNP2 padrão ATM, de alto desempenho. Para a conexão à RNP2 estão sendo utilizados enlaces de fibra dedicados ATM (Assynchronous Transfer Mode), que permite a transmissão de dados de 34 a 622 Mgbps, permitindo a transmissão integrada de voz, dados e imagens. Os GigaPoPs funcionarão como roteadores da Internet2 e serão responsáveis pela implementação das políticas de utilização da rede, definidas pelos consórcios. As políticas de roteamento não servirão apenas para as regras do consórcio Internet2, pois também vão controlar as trocas de tráfego entre os GigaPoPs, e entre a Internet2 e outras redes. Apesar de trabalhar com banda larga, os protocolos de comunicação básicos dos serviços Internet2 continuarão sendo os do conjunto TCP/IP. Como o IPv4 (Internet Protocol version 4) começa a superar seu limite - devido ao número de computadores ligados à Internet1, que está levando ao esgotamento a quantidade de endereços IPv4 disponíveis -, a versão 6 (IPv6) foi criada para operar na Internet2. Porém, outros protocolos também estão sendo estudados porque as aplicações para Internet2, como videoconferência, necessitam de garantia de qualidade de serviços. Embora a nova rede utilize uma estrutura de fibra óptica e tenha um número de usuários limitado, a questão da segurança ganha importância. Uma das exigências da RNP2 é que os operadores se mantenham atualizados em relação às formas de ataque agrupadas. Em geral, o controle deve ser feito para evitar as ação de invasores e o uso não autorizado da rede. A segurança pode ser feita também com firewalls, sistema instalado em redes locais para evitar a visão externa dos dados. Portanto, a segurança estará presente nas redes do sistema final, que envolvem as redes locais das entidades participantes dos consórcios das universidades. | Notícias relacionadas: Usuário comum será beneficiado [Gazeta Mercantil, 21.12.1999] Voltada para educação à distância, rede contribui para democratizar conhecimento [Gazeta Mercantil, 21.12.1999] Cirurgia através do Computador [Gazeta Mercantil, 21.12.1999] Equipe da Unicamp reúne 50 pessoas [Gazeta Mercantil, 21.12.1999] |